Dados sobre o mercado de trabalho serão destaque na agenda doméstica e internacional
A semana traz indicadores referentes à atividade, inflação, desemprego, crédito, contas públicas e outros, que, por ora, ainda devem mostrar baixo impacto do agravamento da pandemia até o mês de fevereiro, ao contrário de março, quando deve haver uma piora sensível na economia. A agenda política deve ser dedicada às medidas de enfrentamento da pandemia, gerando alguma cautela, com a possibilidade da adoção de novas medidas com impacto fiscal. Diante da divergência entre os números do Caged e da Pnad contínua quanto ao ritmo de recuperação do mercado de trabalho, a divulgação de ambos os indicadores nesta semana ganha mais relevância.
Na quarta-feira, a taxa de desemprego de janeiro deverá subir de 13,9% para 14,3%. Apesar da taxa de participação ainda estar extremamente deprimida por causa do choque da Covid19, o movimento será reflexo da sazonalidade do início de ano e do aumento de indivíduos procurando vagas impulsionados pelo fim do auxílio emergencial em jan/21 e pelo esgotamento do seguro-desemprego. Com ajuste sazonal, a taxa de desemprego deve subir de 14,7% para 14,8%. Na terça-feira, o Ministério do Trabalho e Emprego divulga o saldo de empregos formais do Caged. Nossa estimativa é que em fevereiro seja anunciado um saldo de 269.683 vagas.
Em relação à atividade, durante esta semana a FGV publicará os dados sobre a confiança para o mês de março. Na segunda-feira, a instituição divulgará a confiança de serviços e na terça-feira, será a vez do índice de incerteza da economia. A produção industrial de fevereiro (sexta-feira) deve crescer 0,2% (MoM). As medidas que dão suporte a essa avaliação são a expansão da expedição de papel ondulado (3,7%, M/M, ABPO) e da produção de aço (3,2%, MoM, IBS). De toda sorte, o avanço da indústria no mês deve ser menos disseminado entre as atividades e sustentado, em boa parte, pela atividade extrativa, que tem se beneficiado da alta dos preços e da maior demanda por commodities. Na quinta-feira, a Fenabrave publicará seus dados sobre a vendas de veículos de março. Dado o elevado peso do setor na economia, o resultado deve ajudar a mensurar o impacto do endurecimento das medidas de distanciamento ao longo do mês, servindo de termômetro para o desempenho da atividade neste 1º tri.
No cenário inflacionário, a FGV divulga (terça-feira) o IGP-M de março, que deve mostrar alta de 3,10%, acelerando a taxa acumulada em 12 meses para 31,30%. Os preços no atacado (IPA) devem seguir pressionando o índice, com a alta das commodities agrícolas e, principalmente, das industriais. O maior impacto, no entanto, deve vir dos combustíveis, que deve continuar pressionando a inflação ao produtor e ao consumidor.
Os dados das contas públicas também serão divulgados na semana, trazendo o resultado de fevereiro. O resultado primário do Governo Central de fevereiro sairá no decorrer da semana. Acreditamos que ocorra déficit de R$27,0 bi em termos reais, o que representará recuo de 0,95% (A/A). O movimento anual será impactado pela receita extraordinária de R$5 bi provenientes em IRPJ/CSLL e aumento na arrecadação devido à recuperação da economia. Nas despesas, destaque para as despesas discricionárias, que devem permanecer em patamar modesto.
Em relação ao setor externo, os dados da balança comercial de março serão divulgados na quinta-feira pela Secex, com superávit esperado de US$ 3,2 bi. As exportações devem ser novamente impulsionadas pelo bom desempenho da indústria extrativa, especialmente com a venda do minério de ferro, embora também com bom volume de venda nos itens agropecuários, principalmente da soja, cujo escoamento da safra ganhou força, após atraso inicial. O resultado, no entanto, deve ser mais uma vez impactado pela importação de plataformas de petróleo, contendo o superávit do mês.
Na agenda internacional, dentre os dados que serão anunciados ao longo da semana, o destaque fica com os dados de mercado de trabalho nos EUA, na sexta-feira.