A agenda de indicadores está movimentada nesta última semana de setembro, com destaque para divulgação do PIB do 2º trimestre de 2022, que deve apresentar crescimento de 1,0% na margem (ante +1,0% no 1T22). Do lado da oferta, o destaque deve ser o setor de serviços, embora também seja aguardada expansão da indústria e da agropecuária. Já na ótica da demanda, o resultado deve seguir impulsionado pelo avanço do consumo das famílias, que tem se beneficiado da maior mobilidade urbana, boa recuperação do emprego e medidas de estímulos ao consumo. Além de confirmar um maior dinamismo da atividade na primeira metade do ano, o resultado também pode gerar novas revisões positivas para o crescimento esperado do PIB em 2022, que já tem uma previsão de alta superior a 2,0% pela maior parte dos economistas (Focus).
Na segunda-feira, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou o saldo de empregos formais (CAGED) de julho, quando o país criou 218.902 empregos formais em julho, uma desaceleração em relação a junho (278.753) e um resultado abaixo da expectativa do mercado (que esperava 260 mil). A criação de postos de trabalho com carteira assinada foi fruto de 1.886.537 admissões e 1.667.635 demissões e também ficou abaixo do registrado em julho de 2021 (306.477). O resultado foi novamente impulsionado pelo setor de serviços, que criou 81.873 novas vagas CLT no mês passado, seguido por indústria (50.503), comércio (38.574), construção civil (32.082) e agropecuária (15.870). No acumulado do ano, o saldo do Caged é positivo em 1.560.896 milhões de vagas CLT. O desempenho também está abaixo do registrado em 2021, pois nos sete primeiros meses do ano passado houve a criação líquida de 1.785.489 empregos formais.
A FGV publicará algumas de suas sondagens sobre a confiança de agosto. Na segunda-feira, conheceremos a confiança da indústria. Na terça-feira, será a vez de conhecermos a confiança de serviços e do comércio. Por fim, na quarta-feira, a instituição nos mostrará os dados do índice de incerteza da economia.
Na quarta-feira, a taxa de desemprego deve subir de 9,3% para 9,4%. Dá suporte à avaliação, a sazonalidade do mês e a intensificação dos efeitos do aperto monetário. Além disso, temos a possível pressão da taxa de participação, como consequência da deterioração das condições financeiras das famílias, com destaque para os elevados endividamento (78,8%) e comprometimento da renda, além do aumento da inadimplência.
Na sexta-feira, a produção industrial deve avançar 0,7% (MoM) em julho, refletindo os bons indicadores coincidentes. Destaque para o maior fluxo de veículos nas estradas (15%, MoM, ABCR), beneficiado pela expressiva redução dos preços de combustíveis ocasionada pelas desonerações tributárias (ICMS, PIS e COFINS). Além disso, o avanço da produção de veículos (4,0%, MoM, Anfavea) e o aumento do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (1,1%, MoM) também contribuirão para o resultado.
O IGP-M de agosto (terça-feira) deve ir para o terreno negativo, ao sair de 0,21% para -0,58% (MoM). Os destaques deverão ficar com o barateamento dos alimentos industrializados, combustíveis, minério de ferro e energia elétrica.
Na terça-feira, o resultado do governo central de julho deve ser de R$7,5 bi. O resultado será impulsionado pelo aumento da arrecadação, com destaque para IR, CSLL e exploração de recursos naturais.
A agenda internacional tem como destaque o relatório de emprego dos EUA. A expectativa é de manutenção da taxa de desemprego, em 3,5% no mês de agosto, patamar historicamente baixo. A avaliação sobre a criação de vagas, o rendimento e a taxa de participação também serão fundamentais em um momento em que o mercado de trabalho se encontra bastante aquecido, embora com sinais incipientes de desaceleração. A contribuição, em algum momento, do mercado de trabalho para o processo de desinflação será determinante e o FOMC estará atento a esses elementos para a calibragem da política monetária. Até aqui, a avaliação é que o mercado de trabalho se manterá aquecido, demandando a continuidade do ajuste monetário para patamar contracionista. Ainda no mercado de trabalho, destaque para a pesquisa JOLTS, na terça-feira. Embora traga informações com maior defasagem, os dados sobre número de vagas abertas estão sendo acompanhados com bastante atenção pelo mercado. A expectativa é que tenha havido uma redução em julho, de 10,6 milhões para 10,3 milhões, o que contribuiria marginalmente para a redução do descompasso entre demanda e oferta por mão de obra. Na quarta-feira, os dados da ADP funcionarão como uma prévia para o payroll, trazendo informações sobre a criação de vagas no mercado privado.
Na Zona do Euro, destaque para os dados prévios de inflação, na quarta-feira, que devem continuar avançando em agosto, de 8,9% para 9,0% em 12 meses, em função dos elevados custos de energia. O preço do gás natural segue surpreendendo, com sucessivas altas, sendo esse o principal vetor inflacionário. A restrição de oferta para as commodities energéticas continua sendo um motivo de grande preocupação, o que renova pressões altistas para a inflação. Na terça, teremos dados de confiança do bloco, que devem mostrar um resultado pior em agosto, com a persistência inflacionária e incertezas elevadas, em um contexto de poucas perspectivas no curto prazo para uma solução no conflito entre Rússia e Ucrânia.