Ata da reunião, RTI e prévia da inflação estão no radar desta semana
Ata do Copom, Relatório de Inflação e IPCA 15 serão os destaques desta semana na agenda econômica doméstica. Após o Copom adotar uma postura mais hawkish, sinalizando uma possível antecipação da retirada de estímulos monetários, o mercado estará de olho nos documentos que serão divulgados pelo Banco Central nesta semana: Ata da última reunião do Copom (terça-feira) e o Relatório Trimestral de Inflação -RTI (quinta-feira). Na última reunião, o Comitê elevou a taxa Selic para 4,25% a.a. e se posicionou mais firmemente em relação à inflação, mencionando que a alta inflacionária tem se revelado acima do esperado.
Em comunicado, os membros do Copom optaram por retirar a indicação de “ajuste parcial” e sinalizando ser adequado um ajuste mais fino, levando a taxa de juros para um patamar considerado neutro. Por ora, o Comitê prevê novo adição de 0,75 pp na reunião de agosto, sem descartar a possibilidade de uma alta superior, se prontificando a fazer o melhor ajuste na política monetária de modo a ancorar a inflação de 2022 no centro da meta (3,5%). A postura mais abalizada foi bem-vista pelos investidores, que esperam por informações adicionais nos documentos desta semana para calibrar as projeções da Selic para o fim do atual ciclo de ajuste. De todo modo, a maioria das casas do mercado revisou a projeção da Selic para 6,5% (nível neutro, segundo o BC), já para ao final de 2021.
Fica também no radar do mercado a definição (quinta-feira), pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), da meta de inflação para 2024. Em suas últimas decisões, o Conselho tem adotado uma política de redução gradual da meta, com corte de 0,25 pp ao ano. Caso o CMN siga o padrão dos anos anteriores, a meta para 2024 será fixada em 3,00%. Por enquanto, o mercado segue projetando uma inflação de 3,25% para 2024, mesmo valor projetado para 2023, indicando que os analistas ainda não incorporaram uma possível mudança da meta em seu cenário para 2024. A dúvida aqui é se a alta recente da inflação vai ou não impactar esta decisão, apesar do longo prazo. Do ponto de vista das expectativas, parece que o mais adequado seria manter a tendência de redução e fixar a meta em 3,0% para 2024.
Contamos também na agenda local desta semana indicadores de inflação, arrecadação de impostos, setor externo e sondagens de confiança. Na seara inflacionária, o IBGE divulga (sexta-feira) a prévia da inflação oficial, o IPCA-15, que deve mostrar alta de 0,85% em junho, com nova aceleração no acumulado em 12 meses, de 7,27% para 8,15%. As maiores pressões devem vir da tarifa de energia elétrica, com o acionamento da bandeira vermelha nível 2, e da alta dos combustíveis. Contudo, a expectativa é de que o avanço dos preços seja disseminado entre os itens, sem sinais de alívio significativo sobre o indicador, mantendo a preocupação com o cenário inflacionário.
Também na sexta-feira, o Banco Central divulga o resultado das contas externas de maio, que deve registrar superávit de US$ 4,0 bi, o melhor desempenho para o mês desde o início da série histórica (1995). O resultado deve ser novamente favorecido pelo bom desempenho da balança comercial, impulsionado pelo período de escoamento da safra e altas nas vendas e nos preços das commodities. Assim, o resultado de maio deve seguir contribuindo para a manutenção da trajetória de ajuste das contas externas, que deve atingir seu menor déficit acumulado em 12 meses desde fevereiro de 2008 (US$ -6,2 bi). A entrada de investimento externo (IED), por sua vez, deve ficar em US$ 2,5 bi, um pouco abaixo do registrado em maio de 2020 (US$ 3,1 bi). Sem data definida, a Receita Federal divulga o resultado da arrecadação federal de impostos de maio, que deve ficar em R$ 136 bi, equivalente a um crescimento real de 63,9% ante maio de 2020. Em parte, a expressiva alta se dá em função da base de comparação fortemente deteriorada, com o resultado de maio do ano passado bastante afetado pelos diferimentos decorrentes da pandemia, que somaram aproximadamente R$ 65,0 bilhões. No entanto, o resultado de maio deste ano deve ser positivo mesmo quando comparado a maio dos anos anteriores, impulsionado pela recuperação da atividade econômica e pela boa arrecadação de impostos ligado ao comércio exterior. Não à toa, as projeções para o déficit primário deste ano têm sido revisadas para um número menos negativo, ainda que elevado.
No ambiente internacional, decisão de juros no Reino Unido e prévia dos índices PMI nos EUA e na Europa de junho concentrarão as atenções. O mercado se voltará principalmente aos dados de atividade e inflação dos EUA, permanecendo atento aos indicadores e suas possíveis influências sobre o cenário econômico, tendo em vista que na reunião do Fomc da semana passada, a maioria dos membros do colegiado passaram a projetar duas altas de juros até o fim de 2023, apesar de ter mantido as taxas de juros entre zero e 0,25% aa.