A agenda de indicadores econômicos está mais uma vez enxuta, com mais uma semana encurtada pelo feriado doméstico, de Tiradentes, na quinta (21 de abril de 2022). Hoje, a FGV divulgou o índice de inflação IGP-10 de abril, que subiu 2,48% no mês, acima das expectativas (+2,26%), com forte influência dos derivados do petróleo, especialmente dos combustíveis, pressionando os preços no varejo e no atacado. O indicador, que ainda não tinha capturado os efeitos do conflito na Ucrânia, também sinalizou o avanço dos preços de fertilizantes e adubos, o que pode trazer pressão adicional sobre os preços dos alimentos.
No âmbito da atividade, a FGV divulga, na quarta-feira, o Monitor do PIB de fevereiro. Sem a divulgação do IBC-Br pelo Banco Central (em função da greve dos funcionários), o Monitor ganha relevância, pois passa a ser a única proxy para o PIB mensal a ser divulgada, importante para os analistas calibrarem suas estimativas para o desempenho da atividade no 1º trimestre. Por fim, sem data definida, a Receita Federal pode divulgar os dados de arrecadação do mês de março, que deve seguir apresentando bom ritmo de crescimento. O consenso de mercado projeta arrecadação de R$ 163,3 bi no mês, equivalente a uma alta real de 8,1% ante o mesmo mês de 2021. Embora afetada pela redução da alíquota do IPI em 25% (ou 18,5% para alguns produtos) que passou a ser vigorar a partir de março, a arrecadação deve seguir impulsionada pela alta dos preços das commodities e da inflação.
No exterior, serão conhecidos os primeiros indicadores antecedentes de atividade de abril. Na quinta-feira, será divulgado o índice de atividade do Fed da Filadélfia, nos EUA, e na sexta a prévia do índice PMI da Área do Euro e do Reino Unido A agenda de divulgações, porém, começa com o foco dos investidores dirigido para a divulgação do PIB da China, referente ao 1º trimestre de 2022. A leitura mostrou crescimento de 4,8% ante o mesmo período de 2021, acelerando ante a expansão de 4,0% do 4T21, mas mostrando perda de ímpeto da atividade em março. O desempenho da atividade no período foi prejudicado pelas fortes restrições de mobilidade impostas em diversas regiões como forma de combate aos surtos de Covid-19 no país, entre elas Shenzen, importante cidade portuária. Também foram conhecidos os resultados de março da indústria e do varejo, que registraram crescimento de 5,0% e retração de 3,5%, respectivamente, ante o mesmo mês de 2021. Os dados ainda não consideram o maior lockdown decretado na China desde o início da pandemia, que impôs o confinamento de 25 milhões de habitantes em Xangai no início de abril, cujo relaxamento começou apenas na semana passada.
Na leitura de abril deve ser possível enxergar os impactos destas medidas. O governo chinês estabeleceu uma meta de crescimento de 5,5% neste ano, que para ser atingido necessita de uma aceleração considerável no 2º semestre, dado que o 2º tri também será ser afetado pela continuidade das medidas restritivas no país. Tal cenário deve levar a China a afrouxar sua política monetária, com expectativa de anúncio na terça-feira de redução das taxas de juros prime de 1 ano (de 3,70% para 3,60% aa) e 5 anos (de 4,60% para 4,55% aa), além da redução dos compulsórios anunciada na última sexta (15 de abril).
Ao longo da semana, destaque para o evento Spring Meetings promovido pelo FMI, onde a entidade divulgará suas novas projeções para o crescimento econômico global, que deve mostrar uma redução considerável neste ano por conta dos efeitos da guerra. Entre os indicadores econômicos, na sexta-feira, serão conhecidas as prévias de abril dos índices PMI dos EUA e da Zona do Euro, que devem mostrar alguma desaceleração da atividade, em especial, na Europa. Ainda no bloco europeu, na quarta-feira será conhecida a produção industrial de fevereiro; e, na quinta-feira, haverá a divulgação da leitura final da inflação ao consumidor (CPI) de março, que deve confirmar a alta de 7,5%, impactada pelo forte aumento dos preços de energia. Por fim, nos EUA, haverá a divulgação do Livro Bege na quarta-feira, onde será possível acompanhar as principais preocupações e expectativas dos empresários, diante da forte pressão inflacionária e dos gargalos nas cadeias de suprimentos.