Destaque desta agenda vem do Bacen, que deve iniciar ciclo de normalização de juros
Com a alta das expectativas de inflação para este ano, o Banco Central deve anunciar esta semana o início do ciclo de normalização de política monetária (quarta-feira). Diante da pressão inflacionária, decorrente da alta das commodities e do dólar, é praticamente consenso entre os analistas que o colegiado deve iniciar o processo de elevação da Selic, marcando a primeira alta após quase seis anos. A grande maioria dos analistas espera alta de 0,5 ponto porcentual (p.p.), levando a taxa básica para 2,50% a.a.. Na última reunião (janeiro/21), o Colegiado adotou um tom mais duro em relação à inflação e retirou o forward guidance (orientação futura), voltando a condução da política monetária à análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva.
Com o IPCA de fevereiro vindo acima do esperado, as projeções da inflação para 2021 foram revisadas para cima, de 3,98% para 4,60% no boletim Focus, fato que deve elevar o receio do BCB pela chance de contaminação das expectativas de inflação para 2022, exigindo um movimento imediato do colegiado para manter as expectativas ancoradas. Por ora, a expectativa é que o colegiado eleve a Selic até os 4,5% a.a. em 2021, embora haja um movimento de revisão de alta pelas principais instituições financeiras do país, com expectativas já próximas a 5,0%.
Na agenda de indicadores, o Ministério da Economia divulga os dados de geração de vagas formais de trabalho do Caged (terça-feira). Esperamos criação líquida de 100,0 mil vagas, após destruição de 67,9 mil vagas no mês anterior. Apesar do resultado positivo, na série com ajuste sazonal, o resultado deverá desacelerar na margem. vagas, mantendo a trajetória de recuperação observada ao longo do 2º semestre de 2020, embora com menor ímpeto. No entanto, é possível que haja alguma decepção com o resultado, diante do término do programa de manutenção do emprego (BEm), fazendo com que mais de 20 milhões de trabalhadores que estavam com contratos suspensos ou com salários reduzidos voltem ao regime “normal” de trabalho, fato que deve aumentar o número de demissões. Além do fim do BEm, devem pesar a piora das condições sanitárias e a perda de tração da atividade no início do ano.
Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou o IBC-Br, proxy mensal do PIB, que registrou alta de 1,04% em janeiro, refletindo os resultados positivos da indústria (+0,4%) e serviços (+0,6%). O indicador veio acima do esperado pelo consenso de mercado, puxado pela continuidade do processo de recuperação observado no setor industrial e de serviços. Por outro lado, o forte recuo do varejo ampliado ainda limita a evolução do indicador.
No monitoramento do nível de preços, temos a divulgação do IGP-10 de março (terça-feira), que deve mostrar alta de 2,84% no mês, novamente pressionado pelos preços no atacado, agora, especialmente pelos combustíveis. Teremos ligeira descompressão do IPA Agropecuário, sem haver ainda significativa dissipação da alta nos preços das commodities e da desvalorização do câmbio no começo do ano. O IPA Industrial também deve seguir pressionado pelos preços do minério de ferro e dos combustíveis. Já a 2ª prévia do IGP-M será divulgada na quinta-feira. Na terça-feira, o IPC-S da 2ª quadrissemana deve avançar de 0,67% para 0,80%, enquanto para o IPC-Fipe (quarta-feira), é esperada estabilidade em 0,20%.
Na política, após aprovação da PEC Emergencial em 2º turno pela Câmara, o texto foi promulgado nesta segunda-feira, sem necessidade de retornar ao Senado. Com isso, o Legislativo abre caminho para o envio pelo governo da MP que estabelecerá o pagamento do novo auxílio, e que também deve trazer outras medidas para mitigar os efeitos da pandemia, como a antecipação do pagamento do 13º salário para pensionistas do INSS. É esperado que após o capítulo final da PEC Emergencial, finalmente esta semana o Congresso deve iniciar a discussão do Orçamento de 2021.
Na agenda internacional, política monetária será destaque. Em reunião, o FOMC deve reconhecer estimativas mais elevadas para atividade e inflação nos EUA, mas manter a política monetária estimulativa. Ademais, a semana contará com a decisão de política monetária no Reino Unido e Japão.