Decisão do Fed e dados de atividade doméstica são os destaques da semana
A agenda econômica desta semana, que começa estremecida pelas incertezas que assombram o futuro do governo Temer, tem como destaque a última reunião do ano de política monetária do Federal Reserve (quarta-feira) os dados de atividade doméstica. As incertezas se devem ao vazamento da delação premiada de Claudio Melo Filho, ex-lobista da Odebrecht, na sexta-feira à noite. A revista Veja antecipou que os pagamentos aos quais o lobista participou ou teve conhecimento somaram R$ 68 milhões e foram feitos ao longo de nove anos, entre 2006 e 2014, a políticos citados, como o presidente Michel Temer, e seus dois principais assessores políticos. O temor nos mercados é de que essa delação traga resistências à aprovação da PEC da reforma da Previdência na Câmara, por atingir o governo Temer.
No front doméstico, a divulgação dos últimos dados de atividade referentes a outubro serão os destaques e deverão fortalecer nossa expectativa de contração de 0,7% do PIB no quarto trimestre. A Pesquisa Mensal do Comércio (terça-feira) que deverá vir com queda de 0,5% no varejo restrito na margem. Indicadores coincidentes como as consultas ao SCPC (-2,2%, m/m), o movimento do comércio (-1,2%, Serasa) e as vendas supermercados (-0,4%, Abras) dão suporte à nossa análise. No conceito ampliado, as vendas devem ter alta de 0,3% (m/m) em outubro, puxadas pela maior produção veículos (4,7%, m/m, Anfavea | 4,0%, Fenabrave). O índice do volume de serviços (quarta-feira) deve recuar 0,4% (m/m) em outubro, conforme sugere o menor fluxo de veículos pesados nas estradas reportado pela ABCR (-3,1%) e o processo de queda da renda do trabalho. O IBC-Br de outubro (quinta-feira) deve apresentar contração de 0,3% (m/m), influenciado pela queda de 1,1% (m/m) da produção industrial e pela piora estimada para o setor de serviços. Entretanto, o varejo ampliado deve conter o movimento negativo. No decorrer da semana, a ABPO deve divulgar a expedição de papel ondulado de novembro. A agenda de atividade ainda traz a divulgação dos dados de emprego industrial da Fiesp/ Ciesp de novembro (quinta-feira) e os índices de confiança do setor industrial e do consumidor da CNI referentes a dezembro. Já entre os indicadores de nível de preços, a principal destaque é o IGP-10 de dezembro (quinta-feira) que deve acelerar de 0,06% para 0,20%, liderado pela intensificação do ritmo de alta dos produtos industriais e a menor deflação do IPA agropecuário.
No exterior, as atenções estarão voltadas à reunião de política monetária do Fed, o banco central dos EUA (quarta-feira), quando deverá ser anunciada a elevação da taxa básica de juros no país de 0,50% para 0,75% ao ano. O comunicado trará a atualização do cenário para a atividade econômica e inflação, podendo, ainda que de forma bastante preliminar, sinalizar sobre os próximos passos da autoridade monetária. Após a surpresa positiva com o resultado da balança comercial da China, os dados de produção industrial, vendas do varejo e dos investimentos em ativos fixos, a serem conhecidos na terça-feira, deverão reforçar a expectativa de crescimento sustentável da economia chinesa em novembro. Na quarta-feira, serão divulgados os dados de atividade dos EUA de novembro, mesmo dia em que será conhecido o resultado da produção industrial da Área do Euro do mês passado. Além disso, as leituras preliminares dos índices PMI dos Estados Unidos e da Área do Euro de dezembro, na quinta-feira, trarão as primeiras informações acerca da atividade dessas economias neste mês.