Semana tem dados do varejo e IBC-Br, devendo ser ainda agitada pela volatilidade do câmbio
No Brasil, a agenda semanal vem pesada com os dados de vendas no varejo de abril, o volume de serviços e o IBC-Br de abril, além dos indicadores de nível de preços. O varejo restrito de abril (quarta-feira) deve crescer 1,0% (M/M). Os bons indicadores coincidentes, como o das consultas ao SCPC (3,0%, M/M) e o das vendas dos supermercados (0,4%, M/M, Abras | 0,2%, M/M, Boa Vista), dão suporte à nossa análise. No conceito ampliado, o comércio deve avançar 2,5% (M/M) devido ao forte comércio do setor automotivo (9,7%, M/M, Fenabrave | 3,2%, M/M, Anfavea). Projetamos ligeiro crescimento do IBC-Br, (sexta-feira) refletindo não só a expansão já registrada na indústria, mas também o melhor dinamismo no comércio e, em menor escala, em serviços. O IBC-Br de abril deve mostrar alta de 0,7% (M/M). O resultado deve refletir nossa perspectiva positiva para o varejo ampliado e o resultado acima das expectativas da produção industrial (0,8%, M/M).
O IGP-10 de junho deve acelerar de 1,11% para 1,75% (M/M), puxado pelo encarecimento dos produtos industriais, movimento reforçado pelo efeito da alta do Dólar. A 1ª prévia do IGP-M deve indicar aceleração de 1,12% para 1,70% (M/M), impulsionado pelo encarecimento dos produtos industriais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FIPE, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,57% na primeira quadrissemana de junho, ganhando força em relação à alta de 0,19% verificada no encerramento de maio.
Além das tradicionais divulgações de indicadores econômicos, o mercado estará atento às declarações da equipe econômica, na busca de respostas para o nervosismo do mercado. A garantia de fartas ofertas de swap cambial e de títulos públicos pelo Banco Central e Tesouro até o fim do mês ou além disso e com outros instrumentos, se for necessário, pode ainda limitar a volatilidade excessiva dos ativos domésticos, como se viu na sexta-feira, mas não tende a dissipar a postura cautelosa dos investidores nesta semana de agenda pesada. A incerteza com o rumo das eleições deve persistir, após a pesquisa Datafolha de ontem ter confirmado o ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba, na liderança das intenções de votos no primeiro e segundo turnos e o desempenho ruim dos pré-candidatos defensores de reformas e do mercado.
A agenda internacional tem como destaque a reunião de política monetária do Federal Reserve (amanhã e quarta-feira), com coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. Na quarta-feira, o Fed deverá optar pela elevação, pela segunda vez no ano, da taxa de juros, para 2%. Em nossa visão, o forte crescimento da atividade, em condições de pleno emprego e elevação de salários, deverá levar a mais duas altas subsequentes de juros neste ano e duas em 2019, finalizando o ciclo de normalização da política monetária em 3%. Na Área do Euro, a expectativa de convergência da inflação à meta levará o Banco Central Europeu a sinalizar o início do fim do programa de compra de ativos em setembro. Acreditamos que a retirada dos estímulos ocorrerá de forma gradual no último trimestre. As surpresas negativas de curto prazo com a atividade, contudo, reduzem a probabilidade de alta nos juros antes do 2º semestre de 2019. Nos EUA, tem a inflação ao consumidor (CPI) de maio (terça-feira) e inflação ao produtor (PPI) de maio (quarta-feira). Na China, serão divulgados a produção industrial, vendas no varejo e investimentos em ativos fixos, todos na quarta-feira. Na agenda externa, também destacamos eventos não econômicos, como a reunião entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte, a reunião da cúpula do G-7, a votação do Brexit no Parlamento inglês e possíveis avanços nas negociações comerciais entre EUA e China.