O destaque da semana é a decisão do Copom (quarta-feira). É praticamente consenso no mercado que o colegiado aprovará um novo ajuste de 0,5 ponto porcentual, levando a Selic para 13,75% aa. A dúvida é se este será ou não a última alta dentro do ciclo de aperto monetário, com os investidores atentos a eventuais pistas no comunicado sobre os próximos passos da autoridade monetária. Nas últimas reuniões, o Copom tem destacado a necessidade de cautela diante de uma taxa de juros já bastante elevada, especialmente sob efeitos ainda incertos da política monetária, dando a entender que, para ancorar as expectativas, a autoridade deve optar pela manutenção da taxa em patamar elevado por mais tempo do que seguir elevando a Selic para níveis ainda mais contracionistas.
Diante de um aperto monetário já bastante forte, da estratégia sinalizada pelo Banco Central e da inclusão do ano-calendário 2024 no horizonte relevante da política monetária, a maioria dos analistas espera que o Copom encerre o ciclo de alta nesta semana. Contudo, algumas agentes apostam em uma nova alta de 0,25 pp (para 14,0% a.a.) em setembro, dado que as expectativas para 2023 (e em menor grau, para 2024) estão acima da meta e o crescente risco fiscal tem tornado mais assimétrico o balanço de riscos.
Do ponto de vista da atividade econômica, também conheceremos os dados da produção industrial referentes a junho (terça-feira) e os números do setor automotivo de julho. Para a produção industrial em junho, a expectativa é de ligeira retração de 0,3% no mês, acomodando após quatro altas mensais seguidas, quando acumulou expansão de 1,8%. O desempenho da indústria em junho foi prejudicado pelos lockdowns na China, que intensificou os problemas de oferta de insumos no setor, paralisando algumas fábricas. De toda forma, mesmo com tal contração esperada, a indústria deve mostrar crescimento no 2º trimestre, estimado em 0,9%, se beneficiando das condições favoráveis da demanda externa e da retomada do consumo das famílias (medidas de transferência de renda do governo e melhora do mercado de trabalho).
Os dados do setor automotivo de julho também serão divulgados na semana. A Fenabrave anuncia os dados de emplacamento (terça-feira) e a Anfavea divulga os números da produção (sexta-feira). A expectativa é de alguma melhora no mês, embora a falta de peças siga como um problema para algumas montadoras.
No que diz respeito aos indicadores de nível de preços, a FGV divulga o IGP-DI de julho (sexta-feira), que deve registrar deflação de 0,15%, diante da queda dos preços de importantes commodities no mercado internacional (no atacado) e do corte de impostos sobre os combustíveis e energia elétrica (no varejo). Em 12 meses, o indicador deve manter sua trajetória de desaceleração, passando de 11,12% para 9,37%.
Na agenda internacional, as atenções estarão voltadas para os dados de atividade econômica. Nos EUA, os dados de emprego referentes a julho devem ser o grande destaque, já que o presidente do Fed vem destacando a resiliência do mercado de trabalho. Também referentes ao mês de julho, as sondagens da indústria e do setor de serviços, tanto na Europa quanto nos EUA, devem ajudar a avaliar o ritmo da economia no início do 3º trimestre.